MANUTENÇÃO
As empresas que se dedicam à manutenção aeronáutica são designadas por MROs (Maintenance, Repair and Overhaul Organizations), ou seja, o trabalho de uma empresa de manutenção, como a TAP ME, é maioritariamente reparações e inspecções de aeronaves.
Para prestar os serviços acima mencionados, uma MRO deve cumprir as condições impostas pelas autoridades aeronáuticas, como por exemplo, possuir instalações próprias para esses serviços, equipamentos adequados, contratar funcionários qualificados para cada uma das tarefas e possuir manuais de referência dos fabricantes das aeronaves.
Para se executar um serviço de manutenção num dado modelo de aeronave, a MRO deve fazer uma especialização neste modelo, e após a qualidade dos seus serviços ser avaliada, a MRO recebe um certificado de aprovação e fica oficialmente qualificada a prestar serviços a qualquer companhia de aviação com aeronaves desse modelo.
Equipamento
Para qualquer tipo de manutenção a uma aeronave podem ser utilizadas ferramentas/equipamentos, de baixo custo, usados normalmente em qualquer indústria (chaves para aperto/desaperto de parafusos, máquinas de lubrificação, escadotes, lanternas, macacos para troca de rodas, etc.). Porém, com o aumento de complexidade e exigência da tarefa, é necessário recorrer a ferramentas/equipamentos mais especializados e complexos (por vezes específicos de um só tipo de avião, tornando-as mais dispendiosas).
Esses equipamentos mais complexos podem ser assim designados devido ao seu peso e dimensão, como por exemplo ferramentas de remoção de um motor ou trem de aterragem; ou pela sua concepção interna, por exemplo os equipamentos utilizados nos testes dos aparelhos electrónicos de um avião.
Devido à complexidade destes equipamentos os custos podem chegar aos milhares de euros, sendo que algumas MRO têm oficinas com capacidade de fabrico de algumas destas ferramentas e/ou equipamentos.
Serviços de manutenção mais frequentes
Os diversos sistemas das aeronaves estão fortemente ligados entre si, existindo uma relação de dependência entre eles, como tal, não se pode concentrar mais atenção num sistema em detrimento do outro.
Os sistemas da aeronave que têm maior grau de probabilidade de requererem manutenção são, normalmente, os sistemas relacionados com as comunicações da aeronave, os trens de aterragem, as águas e resíduos, o ar condicionado, o combustível e os equipamentos com que o passageiro tem mais contacto (por exemplo: os monitores de entretenimento a bordo).
Regularidade de inspecções a uma aeronave
A regularidade das inspecções varia, sendo que quanto maior a frequência das inspecções, menos profundas elas são. Ou seja, se um avião não faz uma inspecção há um longo período de tempo, a próxima inspecção será mais profunda e detalhada.
Todas as aeronaves são inspeccionadas antes de cada voo e estas inspecções são relativamente simples, porque apenas têm como objectivo averiguar a integridade das superfícies exteriores da aeronave, averiguar os níveis de óleos, combustíveis e outros fluidos que abastecem sistemas importantes das aeronaves, de modo a identificar pequenas fugas que possam ter impacto na performance desses mesmos sistemas.
Para efectuar inspecções mais profundas são normalmente utilizados os períodos nocturnos, uma vez que são períodos em que normalmente há mais tempo disponível para se efectuarem trabalhos de manutenção. Essas inspecções podem ser inspecções em que é necessário abrir acessos como capotagens dos motores, o poço dos trens de aterragem, ou tarefas que envolvem a troca de peças/equipamentos que apresentem anomalias.
Segundo a TAP ME, todas as semanas é efectuada uma inspecção mais profundidade que envolve ensaios para atestar a operacionalidade dos vários sistemas das aeronaves como os motores, luzes, instrumentos de navegação e outros sistemas de cuja correcta operação permite fazer um voo em segurança. Todas estas inspecções não têm de ocorrer, necessariamente, dentro do hangar de manutenção, decorrendo no ambiente dos aeroportos com a qual normalmente os passageiros têm mais contacto, a placa.
Para além destes trabalhos de menor complexidade, é necessário parar as aeronaves para inspecções a ter lugar nos hangares de manutenção com uma frequência que depende de frota para frota, mas que normalmente decorre de dois em dois meses e de dezoito em dezoito meses:
As inspecções de dois meses em dois meses requerem uma paragem nos hangares para manutenção, por períodos que podem chegar aos dois dias e têm especial incidência em ensaios operacionais e funcionais dos vários sistemas, sem no entanto explorar demasiado cada um deles sob pena de se comprometer o prazo planeado de imobilização da aeronave.
As inspecções de dezoito em dezoito meses requerem paragens que podem chegar às cinco semanas. Nelas têm lugar testes específicos em cada um dos sistemas para identificação de eventuais padrões de anomalias, testes exaustivos a unidades, podendo mesmo proceder-se à desmontagem das superfícies das aeronaves a um nível que permite uma análise bastante pormenorizada de danos menores (alguns dos quais invisíveis à vista desarmada), isto tudo com o objectivo de se conter a evolução desses danos para fracturas mais pronunciadas.
Qualificações dos funcionários
Como em qualquer outro trabalho especializado, todos os funcionários de manutenção necessitam de uma qualificação rigorosa e de qualidade, de modo a promover um trabalho de qualidade e em segurança.
A TAP fornece formação de Técnico de Manutenção de Aeronaves (TMA), desde 1987, em cursos de formação profissional ab initio , onde não existe qualquer formação/experiência prévia.
Cada curso de formação dura cerca de dezoito meses (duas mil e quatrocentas horas), onde doze meses são despendidos em sala de aula e prática simulada e seis meses em contexto real de trabalho ("on job training").
Qualquer pessoa que queira concorrer a um curso de TMA deverá reunir os seguintes requisitos:
Décimo segundo ano de escolaridade completo ou equivalente oficial (preferencialmente, Área Científico-Natural, com as disciplinas de Matemática e Física);
Idade até vinte e quatro anos;
Bons conhecimentos de Inglês;
Inexistência de limitações médicas para o exercício da actividade profissional.